Os Super Gorrila uniram-se para extrapolar a ideia de arte institucionalizada criada por especialistas para uma fracção muito específica da sociedade.

Através de desvios à retórica quotidiana urbana e de incursões nos diversos mecanismos de representação, os Super Gorrila apropriaram-se do conceito de marketing viral, para estruturar as suas intervenções artísticas, apontando para um espaço social mais alargado e diverso, interrompendo percursos despreocupados com apontamentos cuidados e acutilantes criando o rumor de um novo produto ou serviço, neste caso especifico, Arte.

Uma Arte que procura o encontro, a comunicação e a partilha, que pesquisa variações formais do existente para reinventar, reintroduzir e re-apresentar o mundo ao mundo. Fazer igual mas de outra maneira.

SUPER GORRILA a obrar desde 2009.

supergorrilas@gmail.com

domingo, 24 de maio de 2009

Uma estória verídica.

O Estranho Caso de Amor

entre Espadinha Antenor

e a Senhora Dona Leonor

Espadinha Antenor era um homem de palavra. Poucas, mas quentes e boas. A sua voz apaziguava o mais selvagem animal e o seu timbre fazia corar de inveja qualquer som harmónico.
Religioso, era de todos o maior. Baptismo feito, Comunhão e Casamento, nunca esquecido no caminho do Senhor. Presença assídua à missa, Católico e crente de alma divina e coração leal. Nunca atrasado em confessar-se ou comungar, fazia tudo para se livrar do mal.
Um autêntico beato na terra do cerâmico lagarto.

Sua mulher, era Leonor de nome, e para ele a sua alma estava pura, mas lá na aldeia já todos sabiam, que ela não passava de uma miserável criatura.
Não era nenhuma santa e julga-se que nunca terá sido virgem. Enquanto Antenor percorria os caminhos da salvação, e no confessionário redimia-se humildemente dos pecados, ela em casa, encornava-o com o vigário.

Rallygioso, homem de palavra, Espadinha Antenor era um verdadeiro crente.
Assim que soube que a mulher o enganava, ficou insano naquele banco de jardim virado a poente. Dizem na aldeia que ficou fora de si. Fechou-se em casa pelo menos por seis dias, e só ao inicio do sétimo é que saiu para a rua, sujo e barbado, declamando heresias.
Os habitantes temendo a sua raiva, julgando estar Antenor amaldiçoado, não arriscaram e mantiveram-se à distância, limitaram-se a segui-lo com cuidado. E assim foram numa espécie de procissão, testemunhar o crime daquele Cristo.
Espadinha Antenor pegou fogo à igreja, depois fugiu e nunca mais foi visto.

Proferem aqueles que falam daquilo que não vêem, que Espadinha Antenor refugiou-se a Oriente, para lá do sol-posto abandonando tudo aquilo que o definiam com um devoto crente. Dizem ainda que se tornou num homem verdadeiramente excomungado, indiferente aos valores da caridade, abraçando a astúcia da globalização e do capitalismo exacerbado.
Tornou-se no rei da porcelana fina, das cestas de verga e dos produtos com o carimbo Made in China.

Por sua vez, Leonor, arrependida de seus pecados e sentindo a falta daquele Amor, dedicou-se a uma vida de compaixão aguardando tranquilamente o regresso esperado. Tal e qual D. Sebastião, o seu Antenor iria regressar em dia nublado e com uma proeminente Tesão.
Tornou-se na Rainha do bronze e de todos aqueles que vivem sem tostão, proclamando a todas as terras, mares e ventos que a ideia daquela tesão, é o que mantém seus alentos…


Nota:
A Rainha agradece especialmente aos sobreviventes da Peste e aos doentes com Sida.
O Rei, a todos aqueles que compram produtos contrafeitos.



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