Coyote – Olha. Faz o que os artistas apregoam. Trabalham 24 por 7 por isso vai a uma daquelas lojas que estão abertas 24 por 7 e trás 24 garrafas de 7 litros.
Beuys – Estás muito romântico hoje.
Coyote – Vai-te foder com essa conversa e vai lá buscar vinho.
Beuys – Vou, mas com uma condição. Fazes um desenho para mim naquele guardanapo e eu assino como sendo meu.
Coyote – Para quê?
Beuys – Quero-te provar uma cena.
Coyote – Sim, que aquele mísero guardanapo tem valor só porque tu assinaste aquela merda.
Beuys – Não! Que aquele guardanapo tem valor estético-contemporâneo e que toda a gente consegue desenhar.
Coyote – Outra vez essa conversa? Não consegues estar à vontade a beber uns copos com a malta sem tudo ter que estar relacionado com arte? Vai tudo dar ao mesmo. És igual aos demais. Uns falam sempre de bola e mulheres e vocês é sempre de arte e…
Beuys – Merda! Esqueci-me da carteira. Empresta-me dinheiro para ir à loja.
Coyote – E ainda mais essa! Vocês andam sempre tesos. Isso é algum estigma ou uma condição inerente ao artista?
Beuys – Olha, a Marlene perguntou por ti hoje.
Coyote – A sério? Quando? E porquê? Continua boa? Ela já deixou aquele idiota? O que ela disse? Mas continua boa ou não?(…)
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